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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Texto do acadêmico Tiago Mossmann

Ainda seguindo a mesma proposta de comparação entre as representações do gaúcho em poema da época do Partenon Literário e em letras de canções "tradicionalistas" contemporâneas, o acadêmico Tiago Mossmann escreveu o seguinte texto:

O Partenon e suas heranças na música tradicionalista gaúcha

Tiago Roberto Mossmann[1]

Ao Remontar a história da Literatura Sul-riograndense, coloca-se como os precursores da produção literária feita aqui no Rio Grande do Sul, o grupo “Partenon Literário”, fundado “em 1868 por um punhado de jornalistas, professores e candidatos a escritores em geral” (FISCHER, 2004, p. 14).
Liderado por Apolinário Porto Alegre e Caldre Fião, os autores desse grupo “escreviam ficção e ensaio, muitas vezes sobre figuras da região [...] publicavam na Revista mantida pela Sociedade, liam-se uns aos outros e iam reforçando a convicção de que valia a pena praticar a literatura como arte e identidade” (Idem). Nesse último ponto, assemelha-se a primeira geração romântica Indianista, a qual buscava a identidade nacional. Todavia, conforme afirma Zilbermann (1980, p. 16),

Em relação ao centro do país, este florescimento literário se deu com um certo atraso, principalmente considerando-se a escola literária a que se filiaram os pioneiros das letras gaúchas, isto é, o Romantismo – já decadente ou em fase de transição em outros centros culturais do Brasil (ZILBERMANN, 1980, p. 16).

A figura que se tem do gaúcho é a de um ser idealizado, bravo, valente, honrado, fiel a quem ele serve. O gaúcho retratado é o da campanha, que trabalhava nas charqueadas, tinha uma relação de amizade com seu cavalo, aliás, “tema predileto do gaúcho”, segundo César (p. 53).
Resquícios dessa literatura notam-se ainda em algumas canções tradicionalistas produzidas hoje no Rio Grande do Sul. Neste trabalho, compararemos alguns trechos do poema “Canto do Campeiro”, de Apolinário Porto Alegre, com trechos da música “Canto Alegretense”, dos Fagundes.

Canto do Campeiro” (excertos)

Avante, ginete
Dos campos do sul!
Quem pode contigo,
Que, afeito ao perigo,
A sanha do imigo
Não temes, taful?
Avante! Galopa
Num bom galopar;
Os laços e bolas,
Ferinas pistolas
Já fiz preparar

[...]

Não dorme o Rio Grande...
Erguido de pé;
Quem pode vencê-lo?
Se sabem temê-lo
Capaz de retê-lo
No jugo, quem é!

“Canto Alegretense”

Não me perguntes onde fica o Alegrete,
Segue o rumo do teu próprio coração
Cruzarás pela estrada um ginete,
E ouvirás toque de gaita e violão.

[...]
Ouve o canto gauchesco e brasileiro
Desta terra que eu amei desde guri...

No caso do poema, pode-se dizer que há a exaltação a bravura do gaúcho, que é “afeito ao perigo/ A sanha do imigo/ Não temes...” Quanto à música, há elementos que a aproximam do poema referido: o ginete, ou seja, o homem e seu cavalo; a idolatria à terra: “Não dorme o Rio Grande.../ Erguido de pé; / Quem pode vencê-lo?” Ou “Esta terra que eu amei desde guri”.
Sobre este aspecto romântico ufanista dos poemas dos autores do Partenon e da atual música gauchesca, julgamos que talvez seja esse um dos motivos para que esta produção não tenha força para alcançar reconhecimento em outros lugares, ou seja, “o beco que não sai do beco”, conforme fala Ligia Chiappini (1995).

Referências

CÉSAR, Guilhermino. História da Literatura do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Corag.

CHIAPPINI, Lígia. Do beco ao belo: dez teses sobre o regionalismo na literatura. In: Estudos históricos. Rio de Janeiro, vol. 8, n. 15, 1995.

FISCHER, Luís Augusto. Literatura Gaúcha. Porto Alegre: Leitura XXI, 2004.

ZILBERMANN, Regina. SILVEIRA, Carmen Consuelo. BAUMGARTEN, Carlos Alexandre. O Partenon Literário: poesia e prosa. Antologia: Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes/ Instituto Cultural Português, 1980.


[1] Acadêmico do Curso de Letras das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT. Escreveu este trabalho para a disciplina de Literatura Sul-Rio-Grandense, sob a orientação da Professora Me. Luciane Wagner Raupp.

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