Bem-vindos ao blog do curso de Letras da Faccat

Informação, interação e diálogo: são esses os motivos da criação deste blog. Aqui, os alunos de Letras da Faccat ficam informados dos últimos acontecimentos do curso: é um espaço para ver e ser visto!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Hábito de ler está além dos livros, diz Roger Chartier, um dos maiores especialistas em leitura do mundo

Fonte: http://noticias.r7.com/educacao/noticias/habito-de-ler-esta-alem-dos-livros-diz-um-dos-maiores-especialistas-em-leitura-do-mundo-20120624.html

Roger Chartier esteve no Brasil para participar de evento realizado pela UEM



Um dos maiores especialistas em leitura do mundo, o francês Roger Chartier destaca que o hábito de ler está muito além dos livros impressos e defende que os governos têm papel importante na promoção de uma sociedade mais leitora.

O historiador esteve no Brasil para participar do 2º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários, realizado pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Em entrevista à Agência Brasil, o professor e historiador avaliou que os meios digitais ampliam as possibilidades de leitura, mas ressaltou que parte da sociedade ainda está excluída dessa realidade.
— O analfabetismo pode ser o radical, o funcional ou o digital.

Agência Brasil: Uma pesquisa divulgada recentemente indicou que o brasileiro lê em média quatro livros por ano (a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Livro em abril). Podemos considerar essa quantidade grande ou pequena em relação a outros países?
Roger Chartier: Em primeiro lugar, me parece que o ato de ler não se trata necessariamente de ler livros. Essas pesquisas que peguntam às pessoas se elas leem livros estão sempre ignorando que a leitura é muito mais do que ler livros. Basta ver em todos os comportamentos da sociedade que a leitura é uma prática fundamental e disseminada. Isso inclui a leitura dos livros, mas muita gente diz que não lê livros e de fato está lendo objetos impressos que poderiam ser considerados [jornais, revistas, revistas em quadrinhos, entre outras publicações]. Não devemos ser pessimistas, o que se deve pensar é que a prática da leitura é mais frequente, importante e necessária do que poderia indicar uma pesquisa sobre o número de livros lidos.

ABr: Hoje a leitura está em diferentes plataformas?
Chartier: Absolutamente, quando há a entrada no mundo digital abre-se uma possibilidade de leitura mais importante que antes. Não posso comparar imediatamente, mas nos últimos anos houve um recuo do número de livros lidos, mas não necessariamente porque as pessoas estão lendo pouco. É mais uma transformação das práticas culturais. É gente que tinha o costume de comprar e ler muitos livros e agora talvez gaste o mesmo dinheiro com outras formas de diversão.

ABr: A mesma pesquisa que trouxe a média de livro lidos pelos brasileiros aponta que a população prefere outras atividade à leitura, como ver televisão ou acessar a internet.
Chartier: Isso não seria próprio do brasileiro. Penso que em qualquer sociedade do mundo [a pesquisa] teria o mesmo resultado. Talvez com porcentagens diferentes. Uma pesquisa francesa do Ministério da Cultura mostrou que houve uma redistribuição dos gastos culturais para o teatro, o turismo, a viagem e o próprio meio digital.

ABr: Na sua avaliação, essa evolução tecnológica da leitura do impresso para os meios digitais tem o papel de ampliar ou reduzir o número de leitores?
Chartier: Representa uma possibilidade de leitura mais forte do que antes. Quantas vezes nós somos obrigados a preencher formulários para comprar algo, ler e-mails. Tudo isso está num mundo digital que é construído pela leitura e a escrita. Mas também há fronteiras, não se pode pensar que cada um tem um acesso imediato [ao meio digital]. É totalmente um mundo que impõe mais leitura e escrita. Por outro lado, é um mundo onde a leitura tradicional dos textos que são considerados livros, de ver uma obra que tem uma coerência, uma singularidade, aqui [nos meios digitais] se confronta com uma prática de leitura que é mais descontínua. A percepção da obra intelectual ou estética no mundo digital é um processo muito mais complicado porque há fragmentos e trechos de textos aparecendo na tela.

ABr: Na sua opinião, a responsabilidade de promover o hábito da leitura em uma sociedade é da escola?
Chartier: Os sociólogos mostram que, evidentemente, a escola pode corrigir desigualdades que nascem na sociedade mesmo [para o acesso à leitura]. Mas ao mesmo tempo a escola reflete as desigualdades de uma sociedade. Então me parece que, também, é um desafio fundamental que as crianças possam ter incorporados instrumentos de relação com a cultura escrita e que essa desigualdade social deveria ser considerada e corrigida pela escola que normalmente pode dar aos que estão desprovidos os instrumento de conhecimento ou de compreensão da cultura escrita. É uma relação complexa entre a escola e o mundo social. E é claro que a escola não pode fazer tudo.

ABr: Esse é um papel também dos governos?
Chartier: Os governos têm um papel múltiplo. Ele pode ajudar por meio de campanhas de incentivo à leitura, de recursos às famílias mais desprovidas de capital cultural e pode ajudar pela atenção ao sistema escolar. São três maneira de interação que me parecem fundamentais.

ABr: No Brasil ainda temos quase 14 milhões de analfabetos e boa parte da população tem pouco domínio da leitura e escrita – são as pessoas consideradas analfabetas funcionais. Isso não é um entrave ao estímulo da leitura?
Chartier: É preciso diferenciar o analfabetismo radical, que é quando a pessoa está realmente fora da possibilidade de ler e escrever da outra forma que seria uma dificuldade para uma leitura. Há ainda uma outra forma de analfabetismo que seria da historialidade no mundo digital, uma nova fronteira entre os que estão dentro desse mundo e outros que, por razões econômicas e culturais, ficam de fora. O conceito de analfabetismo pode ser o radical, o funcional ou o digital. Cada um precisa de uma forma de aculturação, de pedagogia e didática diferente, mas os três também são tarefas importantes não só para os governos, mas para a sociedade inteira.

ABr: Na sua avaliação, a exclusão dos meios digitais poderia ser considerada uma nova forma de analfabetismo?
Chartier: Me parece que isso é importante e há uma ilusão que vem de quem escreve sobre o mundo digital, porque já está nele e pensa que a sociedade inteira está digitalizada, mas não é o caso. Evidente há muitos obstáculos e fronteiras para entrar nesse mundo. Começando pela própria compra dos instrumentos e terminando com a capacidade de fazer um bom uso dessas novas técnicas. Essa é uma outra tarefa dada à escola de permitir a aprendizagem dessa nova técnica, mas não somente de aprender a ler e escrever, mas como fazer isso na tela do computador.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Texto da acadêmica Joana Damasceno Bresolin, elaborado na disciplina de Leitura e Produção de Textos I, ministrada pela professora Juliana Strecker


Autobiografia

   Nasci, ponto. E incomodei, ponto. Desde quando era a semente na barriga da mãe. Eu chutei, eu bati, eu fiz o diabo a quatro. E o pior é que a mãe gostava. E o pior, ainda, é que a mãe queria aquilo. Aquela coisa. Além da mãe, o pai e o mano também queriam.
   O mano, inclusive, escolheu o nome. E disse que ia nascer a Joaninha. E foi. E sou!
   Sou a Joaninha, a prendinha da casa, a “querinha” do vô.
   Chovia, aliás, chovia muito, torrencialmente naquele 08 de agosto de 1989. Lá no São Francisco, todo mundo já nasce tomando chimarrão, comendo pinhão e com os pés na geada, levando no sangue a tradição e o orgulho de ser daqui.
   Depois que eu nasci, vim embora pra Capital Nacional do Tênis, bem, era naquela época. E eu vivi tanta coisa, mas eu nunca deixei de ser mais da serra do que daqui.
   Eu brinquei muito, embora não tivesse muitas outras crianças para brincar, tinha o meu irmão, o companheiro inseparável das brincadeiras de carrinho e de espadas na rua. Brincávamos também de “cybercops do futuro” e, hoje, vejo que eu podia ter brincando muito mais do que brinquei se eu soubesse que ia sentir tanta saudade.
   Éramos só nós dois, e ainda somos só nós dois, cúmplices das brincadeiras mais divertidas do mundo.
   Mas o meu mundo não foi só de brincadeiras. Eu fui muito querida por todos da casa e, embora eu não tivesse tudo que eu queria, eu queria tudo que eu tinha. Clichê, eu sei, mas foi assim. Lá na serra, nós tínhamos e ainda temos e tenho, muito, o carinho do resto da família. De um avô que se desdobrou como pôde para suprir tudo o que nós precisávamos e para mimar-nos como nossos pais nunca deixariam que fôssemos mimados. Função oficial dos avós, mimar os netos sem a ordem dos pais.
   E  foi tão bom. Nós tínhamos uma barragem dentro de um pequeno riozinho. E aquela barragem era a nossa diversão por dias inteiros. Uma construção feita por nós mesmos com pedras de cascalho e barro. Engenharia e física quântica puras.
   Depois da infância que foi repleta de faz-de-contas e que eu desejo todos os dias que retorne, veio a aborrecência e, consequentemente, a adolescência, na qual eu tinha razão de tudo e pouquíssimas vezes escutava o que os outros dizia.
   Mas eu nunca fui rebelde, nunca quis fugir de nada, nunca quis matar alguém, só queria fazer as coisas por mim mesma. Ser autônoma nas decisões, investir em mim.
   Como toda menina, eu quis sair com as amigas quando a mãe não deixou, e isso acontecia muito frequentemente; eu quis ir em algum show, e ela também não deixou; quis namorar todos os atores de filmes para adolescentes que via, tive o primeiro beijo, frustrado, é claro, mas tive. Eu tive sonhos intermináveis com amigos com quem queria casar, eu tive tudo isso. Eu tive brigas infindáveis com meus pais e jurei milhares de vezes que nunca mais iria falar com eles pelo resto da vida. Tais juras duravam, no máximo, dois dias, porque eu sempre precisava perguntar algo pra mãe e acabava tendo que falar com ela.
   Houve coisas que eu nunca quis ou fiz. Eu nunca quis ser modelo, eu nunca quis uma viagem para a Disney, eu nunca quis ir a um show de Sandy e Junior, eu nunca fiz festa de quinze anos, eu nunca fiz uma viagem ao Beto Carreiro e eu nunca fiz pouco caso das coisas que me eram oferecidas.
   Em contrapartida, houve coisas que eu fiz e fui. Eu fiz uma tatuagem e só depois contei para minha mãe, eu fiz um corte de cabelo milimetricamente curto, em comparação ao cabelo que tinha, eu fiz cursos de dança, andei e ando a cavalo, brinquei e brinco com os meus animais que eu trato como filhos. E eu não me envergonho de tratá-los como meus filhos. Pois eles são. Estão comigo, então é minha obrigação cuidá-los e alimentá-los, além de dar carinho e proteção. Eles precisam de mim para isso. Assim como meus filhos vão precisar um dia, sim, porque eu ainda sonho com o casamento de contos de fadas, e confesso que eu amo sonhar com isso, embora eu não tenha nem o príncipe ainda.
   Eu aprendi todas as modalidades artesanais que uma prenda deve saber e adoro colocar em prática o que eu aprendi. Fiz muita bagunça e muita estripulia, e ainda faço, e eu sempre fui uma ótima aluna.
   Sempre tive que estudar muito, pois aqui em casa não se admitia, nem se admite que haja falta de estudo e, por incrível que pareça, eu aprendi a gostar dessa coisa de estudar, de ter compromissos, de se dedicar e foi assim que eu comecei a trabalhar. Tinha 16 anos. Um dia depois de completar 16 anos. E aí me apaixonei pelo meu trabalho, que exerço até hoje, com muita dedicação e espírito de alegria.
   Apesar de ter começado a trabalhar e de ter que arcar com muitas responsabilidades, eu ainda brinquei com os meus bichos, eu ainda namorei muito, eu ainda chorei muito, e eu ainda me dediquei muito. E eu ainda faço assim.
   Aprendi muito pequena que, no final das contas, o que importa é o que a gente conseguiu realizar e o que passou, passou e não volta. Talvez a gente tenha uma outra oportunidade, mas ainda, assim, o que passou, passou. Então só interessa aproveitar ao máximo o que der para aproveitar.
   Hoje em dia, não tenho mais tanto tempo para brincar ou para sentir saudade do tempo de criança, mas eu arranjo tempo para viver ao lado de quem eu gosto; arranjo tempo para ler todos os livros que eu quero; arranjo tempo para fazer crochê ou para fazer um bolo. Hoje em dia, eu tenho mais tarefas do que horas no meu dia, mas confesso que eu gosto, porque se tenho tudo isso, significa que tudo valeu a pena. Significa que valeu a pena não dormir por estudar e por ter tarefas para realizar, significa que valeu a pena não conversar com meus pais e refletir que talvez eu houvesse mesmo feito besteira, significa que valeu a pena sempre ter sido eu mesma, em todas as situações, ainda que isto tenha me feito sofrer, algumas vezes, mas me fez ser quem eu sou hoje.
   Fui criança, fui adolescente, tive problemas, tive crises existenciais, tive dificuldades, tive e tenho um amor eterno pela minha tradição e por tudo o que ela cultua, desde andar de bombachas e alpargatas até fazer o que qualquer homem faz na lida do campo; tive amores impossíveis; amigas falsas e aquelas verdadeiras que estão comigo até hoje; tive pessoas que partiram antes da hora e que eu desejo que nunca tivessem partido, tive e tenho pessoas de que eu não gosto muito, mas eu tenho e tive o mais importante, o amor de pessoas que ficaram ao meu lado sempre e que torceram e torcem por mim, assim como eu torço por elas. Nunca fui diferente de nenhum outro ser humano, mas sempre fui especial para quem é especial para mim.
E é isso Tchê!!!!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Texto do acadêmico Vicente Orsi Vargas, produzido na disciplina de Leitura e Produção de Textos I, ministrada pela Profa. Juliana Strecker

Segue uma autobiografia redigida pelo acadêmico Vicente Orsi Vargas, na disciplina de Leitura e Produção de Textos I, ministrada pela Prof.a. Juliana Strecker


Autobiografia

Foi lá em 1979 que eu vim ao mundo. Na verdade, sempre me causou estranheza essa coisa de dizer “vim ao mundo”. Como se a gente estivesse antes em algum lugar fora do mundo e, de repente, viesse. Mas, tudo bem. Eu surgi no mundo. Foi em Porto Alegre. Eu não lembro, é claro, mas meus pais me contaram. Em 14 de fevereiro de 1979. Dias depois, saí do hospital e fui para Taquara, onde meus pais moravam e onde eu moraria então.
Fui crescendo em Taquara. Lembro que meus pais trabalhavam fora, eram professores, e eu ficava em casa, longas tardes. Das manhãs, eu não lembro muito. Devia dormir bastante. Mas longas eram as tardes. E, quando chovia, ficava dentro de casa vendo a chuva que batia nos vidros e escorria. Tomava mamadeira de café com leite e açúcar. A mamadeira era de plástico porque eu já quebrara diversas de vidro.
Dessa época, eu lembro também de ver o “Incrível Hulk” na TV, de brincar com meus irmãos, de comer “sorvete seco”. Meu pai tinha um “Dodginho Polara”, que era um carro da época. Eu achava legal ir pro “Centro” de carro com a família, embora não soubesse o que era o “Centro”. E assim fui crescendo.
Quando tinha quase quatro anos, eu e minha família fomos morar em Campo Bom. eu tinha avós maternos, tios e primos. Foi legal. Lembro que havia um caminhão que levara todas as nossas coisas. Quando chegamos, lembro que tinha pinheiros na frente da casa e que houve um almoço com um monte de tios e primos que eu nem lembrava, mas já conhecia de outros encontros.
Completei quatro anos de idade em Tramandaí, num final de semana. Estavam lá tios, primos, avós maternos, além de meu pai, minha mãe, meus irmãos mais velhos, Pedro e Isabel e o bebê, a Juliana. Ganhei uma bola de aniversário. Aí descobri o gosto pelo futebol. Logo descobriria o Inter, time do meu pai e dos meus irmãos. Seria o meu time também.
Agora eu já estava mais atento ao mundo e comecei a memorizar nomes de primos e tios, aprender suas fisionomias. Eu lembro que estranhava minha avó. Ela era tão alta, quase tanto quanto meu pai e usava cabelos curtos. Mesmo assim, gostava do carinho que ela tinha comigo. Achava legal ter a amizade dos primos. Comecei a correr mais pelo pátio. Achava a vida uma aventura divertida.
O tempo foi passando e eu seguia a rotina de brincadeiras e diversão. Com cinco anos, fui alfabetizado pela minha irmã Isabel, que estava para completar sete anos e estava na escola. Ela aprendia e ia me ensinando. Acho que aí já nasceu o meu gosto pelas letras.
Quando fiz sete anos, o meu pai me alertou: estava chegando a hora de ir pra escola. E eu tinha aversão à ideia, tanto que me negara a frequentar a pré-escola.    Causava-me pânico a ideia de ficar longe de casa, preso pelas cercas da escola, sob a supervisão de uma professora desconhecida, que meus irmãos mais velhos diziam serem todas extremamente severas. Minha mãe era professora e não era severa, mas eu não tinha feito esse raciocínio.
Bem, chegou o dia de ir pra escola. Na primeira semana, eu detestei. Mas, aos poucos, comecei a adorar. Percebi que a coisa não era tão assustadora. E havia tantos colegas, tantas brincadeiras.
A primeira e a segunda séries transcorreram bem. Mas, na hora de ir para a terceira, meu pai achou melhor que eu fosse para outra escola, a mesma de meus irmãos. Então eu fui. Demorei um pouco a me adaptar. Sentia a falta dos antigos amigos da outra escola. Tive dificuldade em fazer novos amigos, pois todos já se conheciam, os grupos já estavam fechados. Mas, sobrevivi.
Até os meus 12 anos, tudo foi bem. Estudava, aproveitava as férias, aprontava bastante coisa também. Mas, aos 12 anos, eu tive que mudar com a família pra Taquara novamente. Eu que já estava tão adaptado à escola, à cidade. E mudamos.
Em Taquara minha adaptação foi lenta. Mas, fui vivendo, fui crescendo.
Terminei o primeiro grau. Fui para o segundo grau fazer curso técnico em eletrônica, no CIMOL. Nessa época tive os primeiros “namorinhos” e iniciei um namoro mais sério, de uma relação que duraria oito anos. Mas essa é uma outra história.
Então, em 1999, concluí o curso de eletrônica e fui morar e trabalhar em Porto Alegre. Estava iniciada a vida profissional.
Em 2003, passei num concurso e fui trabalhar nos Correios.
No ano de 2005, voltei pra Taquara, fui morar com os pais. Continuei trabalhando em Porto Alegre, nos Correios.
Então, em 2007, já insatisfeito com a área em que trabalhava, vim para a FACCAT, estudar Letras.
 Meu pai faleceu naquele ano. Eu senti bastante. Depois de uns meses, quis sair um pouco de perto da mãe e dos irmãos, achei importante ficar sozinho, construir uma vida minha. Fui morar em Novo Hamburgo.
Não me sentia bem. Andava angustiado, a vida passando, eu sentia um vazio, uma falta de “não sei o quê”. Foi em 2008 que recebi o convite de uma amiga que estava na Irlanda. Ela me falou sobre intercâmbio. Gostei da ideia. Consegui uma licença dos Correios e fui.
Fiquei seis meses na Irlanda. Estudei inglês, fiz muitos amigos, viajei um pouco, conheci sete países. E pensei muito sobre a vida.
Em 2009, voltei ao Brasil. Fui novamente morar na casa da mãe. Voltei para a FACCAT e para os Correios. Sentindo-me mais maduro, porém, um pouco inseguro, procurei ajuda em um tratamento de psicoterapia. A evolução continuou.
Em 2011, numa aula de Semântica, sentei perto da colega Marivane. Foi um semestre de muitas conversas. No meio do ano, houve uma viagem da FACCAT para o Rio de Janeiro. Eu e Marivane fomos. Estávamos cada vez mais próximos. Em setembro, começamos a namorar.
Em 2012, ainda na psicoterapia, ainda na FACCAT e ainda nos Correios. O namoro com a Marivane estava indo muito bem. Então, em maio, fomos morar juntos. Alugamos um apartamento em Taquara.
E a vida segue, agora bem mais leve, agradável e feliz. Repensando sobre a vida, é bom ver que houve bons e maus momentos e que houve uma evolução. Penso que nunca me senti tão seguro e leve como sinto hoje. Que continue por muitos e muitos anos...