Bem-vindos ao blog do curso de Letras da Faccat

Informação, interação e diálogo: são esses os motivos da criação deste blog. Aqui, os alunos de Letras da Faccat ficam informados dos últimos acontecimentos do curso: é um espaço para ver e ser visto!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

E vem aí ... o segundo fascículo do Projeto Ler de 2012

As oficinas referentes ao segundo fascículo do Projeto Ler... ocorrerão nos dias 16 e 23 de agosto (quintas-feiras à tarde). O tema, atendendo a pedidos dos professores, é meio ambiente.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Revisitando Maria Moura - parte III - Texto da acadêmica Cheila Reis


Cheila

   Maria Moura sempre me despertou admiração. Gostava de saber que
existem mulheres livres, que não precisam de homem nenhum, mas sim que os
usam para que seja feita sua vontade.
   Quisera eu ser como ela, não amar e não sofrer, ao menos era isso o
que pensava naquele tempo, em que apenas ouvia falar daquela mulher que se
comportava como homem e tinha fama de justiceira.
   O certo é que eram tempos difíceis, tempo em que meu corpo e alma
sofriam a fraqueza do amor impossível. Mas como poderia ser diferente? Como
pude acreditar que artista cumpre palavra dada? Por isso são artistas, não
é? De certo, só sei que me iludiu, levou minha pureza, deixando apenas seus
versos de poeta encrustados nas paredes do meu coração.
   O pai, depois disso, disse que fiquei estragada, que desonrei a família
toda, até prometeu de matar o poeta. Eu já estava cansada de ser moça de
família, de ficar esperando por homem, e, o que é pior, cansada de ouvir falar
no meu erro.
   Foi então que comecei a pensar em procurar a Moura. Queria um lugar
onde meus erros não fossem lembrados e queria fugir do pai, porque qualquer
dia ele me arrumava um marido, e marido eu só queria se fosse pra morar
no meu coração, como teria sido com aquele poeta. Não queria casamento
arranjado pelo pai, por isso fugi e vim parar na Serra dos Padres.
   Foi então que a conheci, contei minha história e pedi abrigo. Parece que
me entendeu, me tomou como amiga e me deu o que fazer. Era a lida da casa,
mas eu gostei. Aqui estaria livre do pai e do marido que ele queria me arrumar.
    Estava aqui há um tempo, coisa de um ano quando Dona Moura foi pro
entrevero, tinha ouvido falar que aquilo era coisa perigosa, mas a Dona andava
triste, isso eu tinha percebido, mulher sempre percebe essas coisas. De certo,
quis fugir de alguma lembrança ruim.
     Foi então que percebi que a gente, seja homem ou mulher, sempre tem
uma tristeza nessa vida. Até a Dona Moura tem.
    Já faz tempo que ela partiu, mas deve voltar logo... Mulher forte aquela
Moura, por dentro e por fora, enfrenta homem, enfrenta dor. Se quiser saber,
acho que volta, nem que seja pra buscar as lembranças que vão se perdendo
com o tempo.
    Quanto a mim, penso também em voltar, curar as ausências do pai e da
mãe, lembrar do passado e ser forte dessa vez.

(Re)visitando Maria Moura - parte II - Texto da acadêmica Juliana Voltz


     Depois, muito depois, eu soube de tudo. Foi como sempre fora.Moura saiu com Duarte e dois cabras para uma nova sortida ainda no escuro. Ela já sabia o que queria: iria para a Estrada Real ficar na espreita dos próximos viajantes.
    Os dias iam passando, o grupo já estava cansado quando, ao longe, viram uma nuvem de poeira. Prepararam-se para atacar os viajantes.
    Moura não se mostrava no inicio dos entreveros, deixava os cabras agirem e só depois dava as caras.
    O bando de Moura já havia dominado os viajantes quando ela se mostrou. Foi a primeira vez que a vi. Espiei-a lá de dentro do carroção de meu pai, que estava sendo assaltado.
   Nosso grupo estava se dirigindo à Cipó Vermelho, pois a igreja já estava pronta. Para
a inauguração, iriam me casar com um grande fazendeiro.
    Meus pais eram fazendeiros falidos, e me entregaram ao noivo em troca de uma
dívida antiga.
    Eu não queria me casar, pois acreditava que encontraria um grande amor. Estava
pronta pra cerimônia, mas não queria o casamento de forma alguma, vinha amarrada.
    Ao me ver amarrada, Moura quis saber de que se tratava. Contei a ela minha
história, e Moura me convidou para seguir com ela.
    Moura e os cabras levaram da sortida ouro, prata e eu.
    Ao chegarmos à fortaleza, na Serra dos Padres, Rubina ficou espantada ao vê-los
com uma noiva. Moura acalma os ânimos de todos contando minha história.
     Eu e Moura, com o tempo, nos tornamos grandes amigas. Quando Moura saía com os cabras para
alguma sortida, eu ajudava Marialva com Xandó e Rubina com os afazeres da casa grande.
    Quando Moura voltava, me contava como fora o entrevero, falava de sua atração por
Duarte e também de seu desejo secreto pelo Beato Romano.
    Eu encontrei o amor que tanto acreditava nos braços de Zé Soldado, e com ele achei também coragem para sair no bando de Moura para um entrevero.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

(Re)visitando Maria Moura: a inserção de personagens - Texto da Acadêmica Anamaria Pohlman produzido na disciplina de Teoria, ministrada pela Prof.a Luciane Raupp

Com a proposta de refletir e praticar sobre foco narrativo, ancoragem espacial e temporal e criação de personagens, foi solicitado aos alunos que se imaginassem na época e no espaço em que a obra "Memorial de Maria Moura" se ancora. Quem seriam? Como se encontrariam com a Moura?  Como seria o "seu" capítulo dentro da obra?
Como resposta a essas questões, a acadêmica Anamaria Pohlman de Oliveira redigiu o texto que segue, mantendo o mesmo tipo de foco narrativo observado na obra e relacionando-se com os personagens pré-existentes.

Anamaria


Ela pensa que me engana. Pode até enganar esse bando de otários com quem vive e o velho coronel Tibúrcio, mas não a mim. Foi Maria Moura quem matou Cirino. Talvez não tenha sido ela quem cravou a faca em seu peito, mas sinto, no fundo da alma, que a ordem de matá-lo partiu dela.
            Essa  história de bilhete escondido nas roupas do cadáver foi só para despistar. No mínimo, quer que as pessoas acreditem que foi obra dos Seriemas ou do Bacamarte. Mas foi ela! Eu sei que foi! Cadela!
            Sinto falta de Cirino. Sinto tanta falta... Como dói a certeza de que nunca mais o verei, nunca mais sentirei seu cheiro de homem, seus braços fortes ao redor do meu corpo, o gosto dos seus lábios. E a culpa é toda daquela vadia, a Moura.
            Eu sei que Cirino não me amava, mas tampouco amava a Moura. Cirino só gostava dele mesmo. Não faz mal. Eu amava por nós dois. Ainda amo. Cravaram a faca no coração dele, mas é o meu que sangra.
            Sempre vejo os homens de Moura aqui no bar, nas noites de sexta-feira. Já servi alguns. Homens rudes. Minha vontade é de aproximar-me de um deles e convencê-lo a traí-la. Mas tenho medo! Tenho tanta raiva também...
            É sábado à tarde e estou recostada na janela do bar, olhando para a rua de chão batido e para o pó que se levanta com o trotar dos cavalos. É o bando de Maria Moura que sobe a rua. Ela vem à frente, ladeada por dois jagunços. Os outros a seguem. Na certa, estão a caminho de mais um ataque. Que outras vidas destroçarão agora? O grupo se aproxima, passa na frente do bar. Moura me dispensa um olhar altivo que sustento por alguns instantes. O ódio me corrói por dentro. Quero matá-la, fazê-la sofrer primeiro. Mas baixo os olhos. Não é o momento, ainda não tenho forças. Mas um dia, Moura... um dia voltaremos a nos cruzar. E nesse dia estaremos em pé de igualdade. Ainda não sei como, nem quando, nem onde; mas, da próxima vez, será a sua última vez... Eu juro.

Texto da acadêmica Margarete de Oliveira, produzido na disciplina Leitura e Produção de Textos I, da Prof.a. Juliana Strecker

Aí vai mais uma das excelentes autobiografias redigidas pelos acadêmicos de Letras na disciplina de Textos I, ministrada pela Prof.a Juliana Strecker. Esta é de autoria de Margarete de Oliveira.

Autobiografia

Trago em meu peito a dor de não saber
De onde venho.
Venho de sonhos destruídos
De dores,sofrimentos,
De algo proibido,jamais conquistado.


Trago em meu peito a minha própria solidão,
A dor da paixão,
Um sentimento revigorado,
A cada sonho conquistado.


Que Deus,meu grande companheiro,
Conhecedor de meus erros e temores,
Transforme meu peito numa pluma de algodão 
Capaz de absorver essa solidão.


Trago em meu peito lembranças inesquecíveis,
Sorrisos eternizantes,palavras dolorosas,
E uma dor angustiante.


Mas nesse peito também trago
A sensação de querer mais
Viajar no tempo
E não parar jamais.