Bem-vindos ao blog do curso de Letras da Faccat

Informação, interação e diálogo: são esses os motivos da criação deste blog. Aqui, os alunos de Letras da Faccat ficam informados dos últimos acontecimentos do curso: é um espaço para ver e ser visto!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

E vem aí... ENCERRAMENTO DO PROJETO LER... 2011

Encerramento do Projeto Ler...

            No dia 06 de dezembro, das 13h30min às 16h30min, acontecerá, na Faccat, o evento de encerramento das atividades do Projeto Ler...  em 2011. Esse evento tem como objetivo a promoção do gosto pela leitura, por meio da integração entre alunos e professores de diferentes espaços escolares, que participarão de oficinas e de atividades diferenciadas a partir das temáticas desenvolvidas nos três fascículos de 2011 – homenagem a Moacyr Scliar, culturas brasileiras e poemas de diversos autores. Neste ano, contaremos com a participação de 1027 alunos, acompanhados por seus respectivos professores, de escolas dos municípios de Taquara, Rolante, Riozinho, Igrejinha, Parobé, Santo Antônio da Patrulha, Tramandaí, São Francisco de Paula, Três Coroas, Araricá, Nova Hartz, Gramado e Canela.
            Na solenidade de abertura, contaremos com a presença da escritora Léia Cassol, que apresentará suas “Histórias cantadas”. Dando sequência, teremos a apresentação do Coral AABB Encanto, de Santo Antônio da Patrulha. A dupla Ruan e Felipe, de Taquara, prosseguirá com as apresentações. Para encerrar este primeiro momento de apresentações, a professora Márcia Gomes Lisboa, de Tramandaí, coordenará o recital “A mochila de Camila”.
            Após as apresentações, às 15h, haverá a pausa para o lanche, acompanhado de apresentações musicais. Em seguida, às 15h30min, terão início as oficinas ministradas por professores dos municípios envolvidos e por alunos e professores da Faccat,

Nº da
oficina
Título
Oficineiros /Município responsável
1

Oficina: Teatro e alegria
Diogo Pietro Henemann  - Rolante
2

Cultura gaúcha
Carla Daniela Assis – Taquara
3
Nos bastidores do Ler: camarim com personagens do sítio e super-heróis

Carine Setti – Três Coroas
4
Contação de histórias:
As aventuras de Joãozinho

Projeto “Incentivadores de Leitura” – Santo Antônio da Patrulha
5
Gatos e Ratos da escola Municipal Bertholdo Optizz

Fernanda Medeiros - Canela
6
Brincadeiras folclóricas:  escravos-de-Jó, amarelinha, elástico, entre outras
Eduardo Henrique de Souza
Cleunice Reis Canal
Karina Bueno Cortelette
Mara Rejane Mikan Gerhardt
Catiane Suelen Novello
Michele Fátima Kich da Silva – Araricá
7
Hora do Conto:
A descoberta da Joaninha
O Reino das Borboletas Brancas

Geórgia Patrícia da Silva – Parobé
8
Hora do conto:
Menina Bonita do Laço de fita
O caso do bolinho
Fernanda Araújo – Parobé
9



Dobrando e desdobrando com o Natal (dobraduras)
Rosângela Guimarães e Scheila Vidal Tramandaí

10

Contadores de histórias: contos de Natal

I
sabel Floriano – Tramandaí
11
Oficina de violão

Guto Machado – Tramandaí
12
De cara na história: contação de histórias – produção de máscaras, “pinta caras”, etc.
Nandiara Jungton e Julita Pretto – Riozinho
13
Trabalhando o folclore com jogos
Luciana Ferreira – Riozinho
14

Seja seu próprio personagem: cabelo, maquiagem, fotografia, fantasia...

Acadêmicos do curso de Letras da Faccat – FACCAT

15
Histórias cantadas

Leia Cassol - Faccat



16
Sarau: Culturas Brasileiras
Viviane Lorenz e Cristiane Becker Igrejinha
17
Oficina: Xilogravura

Sônia Alvedina dos Santos Rocha Rolante
18
Hip Hop

Airton Ademir Schirmer -Taquara
19
Coral de violões  (Músicas dos fascículos)
“Projeto Tocando a Vida”

Giselda dos Santos Pinto - São Francisco de Paula
20
Uma pelada com Moacyr Scliar: vídeos sobre expressões futebolísticas e seus respectivos significados

Adriana Petry - Três Coroas
21
Tribos Urbanas Fashion Day  (Camarim)

Projeto Incentivadores de Leitura - Santo Antônio da Patrulha
22

Seja seu próprio personagem: cabelo, maquiagem, fotografia, fantasia...

Acadêmicos do curso de Letras da Faccat  – FACCAT




           

Texto do acadêmico Tiago Mossmann para a disciplina Literatura Portuguesa I neste semestre

A carta de amor e a confissão
                                                                                                          
Tiago Roberto Mossmann[1]

Alívio em um momento, ódio em outro, desabafo e clausura simultaneamente. Ideias opostas e exageradas demonstram o espírito barroco da obra “Cartas Portuguesas”, de Mariana Alcoforado. Por meio de cinco cartas a um cavaleiro francês, com o qual a freira Mariana teve um relacionamento, percebem-se as mágoas, a culpa, o rancor. Apesar de tudo isso, há um resquício de esperança de que o romance possa um dia dar certo.
No decorrer da obra, observamos que a freira teve relacionamento não convencional de quem usa o hábito, pois, nos encontros com seu amado francês, conseguimos perceber que os dois tiveram relações sexuais. Dessa atitude, o sofrimento fica presente apenas para mulher, que vê em relação ao comportamento e às respostas a suas cartas apenas indiferença por parte de seu amado. À Mariana, restaram a clausura e os seus pesares.
Segundo Rector, a maioria das mulheres “[...] sempre foram representadas como seres humanos passivos, manipulados pela vontade do homem; seu destino era a loucura, a morte ou o hábito religioso” (1999, p.15). Mariana vivenciou bem a situação descrita por Rector, pois foi um joguete na mão do amado e sua alternativa de vida foi o convento. Isso sem contar as repressões que certamente ela poderia ter nesse ambiente, caso fosse descoberto o seu romance. A descoberta do romance poderia ter ocorrido através da confissão exposta nas cartas. Então, até que ponto essa confissão trouxe liberdade ou clausura à Mariana? Esse aspecto será o principal ponto a ser analisado neste trabalho.
Em um primeiro momento, a confissão de Mariana sobre seu amor parece uma forma de alívio. Todavia, a confissão também serve para reforçar a relação de poder que o outro pode exercer sobre alguém, uma vez que o outro punirá ou perdoará esse alguém independente da vontade desse último, como postula Foucault:

A confissão é um ritual de discurso onde o sujeito que fala coincide com o sujeito do enunciado; é, também, um ritual que se desenrola numa relação de poder, pois não se confessa sem a presença ao menos virtual de um parceiro, que não é simplesmente o interlocutor, mas a instância que requer a confissão, impõe-na, avalia e intervém para julgar, punir, perdoar, consolar, reconciliar (FOUCALT, 1984, p.61).

A sociedade ocidental é extremamente confessional. “Confessa-se – ou se é forçado a confessar” (idem, p.59). Desde a Idade Média, a confissão passou um papel muito forte para tentar se produzir a “esperada verdade”. Os tribunais da Inquisição utilizaram-se da confissão como uma das formas para manter o poderio da Igreja.
Bem ou mal, a partir disso, “[...]a confissão passou a ser, no ocidente, uma das técnicas mais altamente valorizada para produzir a verdade” (idem), podemos perceber o reflexo que isso tem na Literatura através dos tempos, sobretudo na poesia atual, que é bastante confessional.

O homem, no ocidente, tornou-se um animal confidente. Daí, sem dúvida, a metamorfose na literatura: de um prazer de contar e ouvir, dantes centrado na narrativa heróica ou maravilhosa das “provas” de bravura ou de santidade, passou-se a uma literatura ordenada em função da tarefa infinita de buscar, no fundo de si mesmo, entre as palavras, uma verdade que a própria forma de confissão acena como sendo inaccessível (Ibidem).

Sem a confissão do amor de Mariana, as “Cartas portuguesas” não existiriam. Baseando-nos na citação mencionada anteriormente, podemos dizer que Mariana busca uma verdade através da confissão de seu amor. Essa verdade serve ora para aliviá-la, quando critica seu amado, ora para aprisioná-la a ele, pois a própria crítica por instantes alimenta o sentimento que a faz prisioneira do cavaleiro francês. Portanto, carta de amor e confissão estão intimamente ligadas. Diante dessas duas atitudes, brotam diversos outros sentimentos profundamente humanos e, como tais, contraditórios: paixão, ódio, mágoa.

Referências

Foucault, Michel. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

Rector, Mônica. Mulher: objecto e sujeito da Literatura Portuguesa, Universidade Fernando Pessoa, 1999.


[1] Acadêmico do Curso de Letras das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT. Realizou o trabalho em questão para a disciplina de Literatura Portuguesa I, sob a orientação da Professora Luciane Wagner Raupp.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Texto da acadêmica Bruna Cristina Lampert, escrito na disciplina Literatura Portuguesa I neste semestre

CARTAS PORTUGUESAS: A INCONSTÂNCIA DO SENTIMENTO
Bruna Cristina Lampert1
[...] gosto bem mais de ser desgraçada amando-te do que gostaria de nunca te ter visto!
Mariana Alcoforado
     Na compilação das “Cartas Portuguesas”, remetidas por sóror Mariana Alcoforado, nota-se a intensa utilização de figuras de linguagem, principalmente, as hipérboles, que primam pelo exagero e o engrandecimento da ideia; e os paradoxos, que consistem no emprego de pensamentos opostos.
     A arte hiperbólica, característica do período literário denominado Barroco, está presente na descrição dos sentimentos que contribuem para a perda da razão e dos sentidos: “Eu não sei nem o que sou, nem o que faço, nem o que desejo: encontro-me dilacerada por mil movimentos contrários. Poder-se-á imaginar estado tão deplorável?” (ALCOFORADO, 2010, p. 35).
     A utilização de paradoxos denuncia a inconstância dos sentimentos e pensamentos de Mariana: “[...] olho sem cessar o teu retrato, que me é mil vezes mais caro do que a vida. É ele que me dá alguma alegria; mas provoca-me também um grande sofrimento, quando penso que talvez nunca mais te volte a ver.” (p. 29) Nessa citação, nota-se que, ao mesmo tempo, a imagem do amado provoca sentimentos bons e ruins, felicidade e sofrimento.
     As cartas tornam-se contraditórias porque assim são as próprias emoções. Na segunda correspondência, Mariana suplica: “Tem compaixão de mim” (p. 29) e, mais adiante, já na terceira carta, desmente o que disse anteriormente: “Não sei por que te escrevo. Bem vejo que nada mais terás por mim do que compaixão – e essa não a quero!” (p. 36)
     Massaud Moisés descreve a dualidade existente na obra: 
        [...] de um lado, o anseio de esquecer definitivamente o perjuro, dado não merecer mais que desprezo e indiferença – é o aspecto racional; de outro, a súplica que nasce do mais fundo de si própria, visceral, para que ele volte ou ao menos escreva, a fim de permanecerem os tormentos agridoces provocados por sua lembrança ao mesmo tempo desejada e odiada – é o aspecto sentimental, carnal. (2001, p. 90) 
     Douglas Tufano explica que a arte barroca compreende atitudes contraditórias do artista em face do mundo, da vida, dos sentimentos e de si mesmo (1990, p. 213). Na obra, essas contradições são demonstradas através da razão versus a emoção, no que diz respeito à experiência amorosa de uma freira enclausurada, ação totalmente contrária aos princípios da Igreja e da sociedade portuguesa, por consequência. Outro dualismo é o amor versus a dor, já que, durante a permanência do Marquês de Chamilly em Portugal, Mariana viveu intensamente sua paixão e, após a partida do oficial, a religiosa entregou-se ao sofrimento e, por diversas vezes, preferiu a morte à dor.
     O ato de escrever é, como a própria emissora admite, uma forma de ter o amado mais próximo: “Parece-me que te estou a falar quando te escrevo e que tu me estás um pouco mais presente.” (2010, p. 54) e encontrar conforto: “Eu escrevo mais para mim do que para ti, e aquilo que procuro é consolar-me.” (p. 56)
     Em “Mulher: objecto e sujeito da Literatura Portuguesa”, de Monica Rector, lê-se: “[...] a maioria das mulheres até o presente século foram representadas (sic) como seres humanos passivos, manipulados pela vontade do homem; seu destino era a loucura, a morte ou o hábito religioso. A única saída ‘feliz’ era o casamento.” (1999, p. 15)
     Primeiramente, Mariana dedicou sua vida à religião e, mais tarde, à paixão não-correspondida, que desencadeou grandes sofrimentos pela ausência, indiferença e ingratidão do marquês. A religiosa reconhece que se desviou do comportamento esperado pela sociedade patriarcal, entretanto, não demonstra arrependimento:  
        Enfureço-me contra mim própria quando penso em tudo quanto ter sacrifiquei: perdi a minha reputação, expus-me ao furor dos meus parentes, à severidade das leis deste país contra as religiosas e à tua ingratidão, que me parece maior de todas as desgraças.
        No entanto, sei bem que os meus remorsos não são verdadeiros e que, do fundo do coração, desejaria ter corrido por ti perigos ainda maiores. (2010, p. 36-37)  
     O conteúdo das cartas é um misto de paixão, raiva, saudade e submissão. Apesar de perceber que Chamilly não continuou se correspondendo com ela propositadamente, Alcoforado não consegue desejar-lhe mal ou que sinta o mesmo que ela e, quando o faz, pede perdão por seus pensamentos ou imagina que a realização da desgraça poderia trazer-lhe ainda mais sofrimento: 
        Amo-te perdidamente e respeito-te o bastante para não ousar talvez desejar que sejas atingido pelos mesmos arrebatamentos. Matar-me-ia, ou morreria de dor sem me matar, se soubesse que não tinhas descanso, que na tua vida mais não há que perturbação e agitação de toda a sorte, que choras sem cessar e que tudo te desgosta. Se já não posso remediar os meus males, como poderia suportar a dor que me dariam os teus e que me seriam mil vezes mais dolorosos? (p. 36) 
     Na última carta, a emissora despede-se do marquês e ordena que não a contate nunca mais, pois deseja esquecê-lo. Essa decisão, no entanto, não diminui sua coita, pelo contrário: “Estou convencida de que teria experimentado sensações menos desagradáveis amando-o, ingrato, embora, como é, do que deixando-o para sempre.” (p. 61)
     Ao longo das cartas, nota-se reiteradamente, pelo uso de interjeições ou de adjetivos (“Ai de mim”, “A sua pobre Mariana”, “Infeliz que sou”), o sentimento de autopiedade. Esse recurso tem a intenção de comover o destinatário, entretanto, não é o que ocorre na obra em questão, uma vez que o marquês permanece indiferente ao sofrimento de Mariana.
     Apesar de integrar outro período literário, “Cartas Portuguesas”  apresenta resquícios do Trovadorismo. A intenção e o conteúdo das cantigas de amigo e de amor são facilmente identificáveis, uma vez que as primeiras são caracterizadas pelo eu-lírico feminino, lamento pela ausência do “amigo” (distanciamento geográfico), linguagem simples e repetição vocabular e as cantigas de amor expressam sentimentos mais intensos, embora idealizados.
     Assim como as cantigas de amigo, especula-se que as cartas possam ter sido (re)escritas por um homem, maquiando a intensidade e a veracidade dos sentimentos femininos e reforçando a submissão de Mariana ao Marquês de Chamilly. 

REFERÊNCIAS
ALCOFORADO, Mariana. Cartas Portuguesas. Porto Alegre: L&PM, 2010.
MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa. 31. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
RECTOR, Monica. Mulher: objecto e sujeito da Literatura Portuguesa.
TUFANO, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1990.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fotos - sessão de autógrafos de "A sinistra casa da Vovó Sinistra" na feira do livro de Porto Alegre


O sorriso da menina lendo o autógrafo valeu por tudo!

A professora Berenice, do curso de Pedagogia, prestigiando a colega "escritora"...


Detalhe: a fonte de inspiração, literalmente, atrás da autora.

Luciane com Camila Doval, colega de Oficina, escritora  muito talentosa!