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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Vencedores - IX Concurso Literário Faccat / Jornal Panorama

Segue o texto de Juliano Cimirro, premiado em primeiro lugar e com o "Prêmio especial Jornal Panorama".


IX CONCURSO LITERÁRIO  FACCAT - JORNAL PANORAMA
24/09/2010
 
LUGAR
+
PRÊMIO
ESPECIAL
PANORAMA
 
Autor: Juliano La Grande Cimirro
 
TEM COISAS QUE NÃO ROLAM
 
Tá, eu reconheço que a ficção científica, muitas vezes, é um assunto fascinante.
Quem nunca se deixou distrair por um desses filmes futuristas, que ficam tentando mostrar como a vida será dentro de alguns anos? E também é verdade que, algumas vezes, os caras acertam, mas convenhamos: às vezes o pessoal exagera.
Eu me lembro de filmes que mostravam supercomputadores, que consistiam basicamente de um monte de lampadazinhas piscando e emitindo barulhinhos irritantes.
O mais engraçado era a forma como eles funcionavam: falando. O cara fazia uma pergunta, o computador piscava suas lâmpadas e então respondia com uma voz sintetizada! “Computador, qual é a composição química do planeta Zorg?” “Blip-blip-blip. O planeta é composto por 72% de rocha, 16% de capim e 12% de gelatina”.
Da mesma forma, havia uma.porrada de gente que achava que no ano 2000 as viagens no tempo seriam das coisas mais comuns do mundo, que haveria androides muito mais eficientes do que as bonecas infláveis e que os carros seriam máquinas voadoras. Faça o teste: dê uma olhada de novo em filmes como De volta para o futuro, Blade Runner ou O demolidor. Erraram feio.
Vamos colocar os pés no chão: tem muita coisa sobre o futuro que é ficção agora e será ficção sempre. Tudo bem que a tecnologia avança rapidamente e em 1975 quase ninguém imaginava que em 2010 teríamos câmeras que podem ser escondidas no botão de uma camisa ou que o Silvio Santos continuaria fazendo seu programa aos domingos.
Mas também tinha maluco que achava que todos nós vestiríamos apenas roupas brancas e haveria robôs falantes limpando as nossas casas. Gente, tem coisas que não rolam!
Assim sendo, tomo a liberdade de antecipar como será o mundo no ano de 2045, para matar a sua curiosidade e evitar que você tenha falsas esperanças:
Teletransporte: não rola. Enquanto a gente for feito de carne e osso, não tem jeito de desmanchar tudo isso, transformar num impulso elétrico, enviar via satélite e remontar tudo de novo do outro lado do mundo. Antes de nos preocuparmos em inventar uma forma de remontar pessoas, deveríamos nos preocupar em inventar uma forma de remontar guarda-roupas. Tem de haver um jeito mais simples de fazer aquelas geringonças! Quem já se mudou alguma vez sabe que, depois de desmontar um guarda-roupa, a gente nunca mais consegue fazê-lo ficar igual ao que era antes.
Colonização de novos planetas: não rola. Mercúrio é quente demais. A atmosfera de Vênus é feita de ácido de bateria. Marte é muito frio, muito pequeno, tem muito vento e é muito vermelho. Os outros são feitos de gás. Fora esses, talvez haja planetas orbitando uma estrela próxima. O problema é que, depois do Sol, a mais próxima fica a 4,2 anos-luz de distância, ou seja, 40 trilhões de quilômetros. Como esse é um número grande demais para caber na nossa cabeça, vou convertê-lo para EKD (Escala Kombi de Distância) para facilitar o entendimento. Eu dirijo uma Kombi. Velha. Se eu fosse dirigir até essa estrela, com a Kombi na velocidade máxima, dirigindo 24 horas sem parar, eu levaria 58 mil anos para chegar. Isso é longe pra dedéu. É tão longe que nem dá pra chegar vivo até lá. Então desencane e conforme-se com esse mundo aqui mesmo.
Televisão com cheiro: é possível. Na verdade nós já sabemos reproduzir cheiros artificialmente. É sério! Como é que você acha que os caras fazem essas porcarias com cheiro de morango? Com morangos?
Mutantes: fala sério. Se você realmente acredita que um dia seremos capazes de soltar fogo pelos olhos, procure ajuda. Há grupos especializados para atender pessoas como você.
Congelamento de corpos: até rola, na verdade, já temos essa tecnologia. Eu mesmo tenho em casa um equipamento que congela galinha, peixe, porco e boi. O nome é freezer. O que não rola é congelar vivo e depois descongelar, trazendo de volta à vida.
Esqueça. É 70 anos pra cada um; 80 pra quem tem sorte; e 90 pra quem é teimoso.
Aceite isso (e tenha uma visão positiva: dá pra fazer muita coisa durante esse tempo).
Carros voadores: olha, com o fim do petróleo, já vai ser um milagre se a gente conseguir fazer carros que rodem em 2045, que dirá voar. Tá, eu sei que existe o etanol, mas com o tamanho da frota de veículos do mundo, onde você sugere que a gente enfie tanta cana-de-açúcar? Tá, tá, eu também pensei nisso...
Fazendinhas de clones para transplante de órgãos humanos: não rola. É claro que algum cientista imbecil vai acabar clonando um ser humano só pra ver o que acontece (se é que alguém já não fez isso). Acontece que, pra isso funcionar, a doença não pode ser de origem genética, porque senão o clone vai ter a mesma porcaria... Mais a mais, seria um desperdício matar o clone para retirar seus órgãos; seria muito mais produtivo viver num estilo porra louca, depois assaltar um banco, se divorciar e deixar o clone se ferrar com a polícia e a sua ex-esposa.
Viagem no tempo: não rola. A viagem no tempo não vai rolar não é por falta de tecnologia, mas simplesmente porque não dá pra fazer esse negócio. Eu sei que tem cientista dizendo que “é possível, mas nós ainda não sabemos como ...”. Santa paciência!
É o mesmo que dizer que eu vou pegar a Angelina Jolie, só que ainda não sei como... Alguém sóbrio levaria isso a sério?
Invasão extraterrestre: pelo amor de Deus! Eu já disse que é pra você procurar ajuda (cara, pode acreditar em mim: você tem um parafuso a menos!).
Agora é esperar para ver. Em 2045 podem me cobrar. E se eu estiver errado, entro no meu carro voador, volto para 2010 e corrijo minhas previsões.

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