Bem-vindos ao blog do curso de Letras da Faccat

Informação, interação e diálogo: são esses os motivos da criação deste blog. Aqui, os alunos de Letras da Faccat ficam informados dos últimos acontecimentos do curso: é um espaço para ver e ser visto!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Socializando planos de aula

Vamos usar este espaço para também socializar as diversas produções de nossos alunos, mostrando seus talentos. Para começar com pé direito, segue um plano de aula elaborado pela acadêmica Liziane Spohr, son orientação da Prof.a Daiana Campani, na disciplina de Estágio Supervisionado do Ensino Fundamental II.

FACCAT – Faculdades de Taquara
Nome: Liziane Giovana Spohr
Disciplina: Estágio Supervisionado do Ensino Fundamental II
Professora: Daiana Campani  de Castilhos

PLANO PARA A AULA 1
Série: 7º ano, 6ª série
Data: 21 de maio de 2010
Carga horária: 4 períodos (das 7h 20min às 11h 20min)
Assunto: Conhecendo Sérgio Porto – Stanislaw Ponte Preta
Objetivos:
·         Realizar atividade de socialização, para que os alunos conheçam a professora.
·         Conhecer o autor Sérgio Porto, para ampliar os conhecimentos sobre literatura.
·         Estudar o texto “História de um nome”, para conhecer um dos textos do autor e aprimorar a interpretação de textos.
·         Produzir um texto, para aprimorar o uso da língua nas situações de comunicação.
Metodologia: aula expositiva e dialogada; pesquisa em dicionários, momento de leitura,
Recursos: revistas, cola, tesoura, dicionários, livros para o momento de leitura

Atividade de socialização e motivação:
1.     “Identidade: cada um tem a sua”: os alunos deverão fazer uma composição, com recortes de revista colados em uma folha de ofício, em que esteja representada a sua personalidade, seus gostos, hobbies e etc.
2.    Apresentação: as identidades serão trocadas entre os alunos da turma e cada um deverá interpretar o que foi representado pelo colega e apresentá-lo.
 Atividade de pré-leitura:
1.    Existem nomes comuns e nomes diferentes?
2.    Você conhece alguém que tenha um nome diferente?
3.    Qual a história ou motivo desses nomes diferentes?

Leitura do texto e estudo do vocabulário:
1.    Ler o texto com os alunos.
2.    Procurar o significado das palavras desconhecidas.
3.    Conversar com os alunos sobre os significados dessas palavras no texto.
Atividades de interpretação:
Enumere as frases de acordo com a ordem em que elas aparecem no texto:
1.       (   5    )”...  Acreditava, inclusive, que aquilo era castigo de Deus, por causa da idéia do marido de botar aqueles nomes nos garotos...”
2.       (   1    ) “... É verdade que Vovó não tinha nada contra os joões, paulos, mários, odetes e — vá lá — fidélis...”
3.       (   6    ) “... em vez de receber somente o nome suave de Maria, a garotinha foi registrada, no livro da paróquia, após a cerimônia batismal, como Errata Maria da Veiga...”
4.       (    3   ) “...’Seu’ Veiga, amante de boa leitura e cuja cachaça era colecionar livros, embora colecionasse também filhos...”
5.       (    2   ) “... Jamais perdoou a um velho amigo seu — o "Seu" Wagner — porque se casara com uma senhora chamada Emília, muito respeitável...”
6.       (   4    ) “... Tomo era um bom extrema-direita e Prefácio pegou o vício do pai - vivia comprando livros...”

Responda:
1.       O texto, na linha 2, fala de um camarada “que tem físico de mastodonte”.
a.       O que significa ter físico de mastodonte?
Ter físico de mastodonte significa ser grande, ter um corpo enorme. Mastodonte é um fóssil grande de uma espécie de elefante.
b.      Como esse sujeito se chama no texto, segundo o narrador?
Na realidade, segundo o narrador, esse sujeito chama-se “Mimoso”.
c.       Explique o motivo de esse nome causar estranheza:
 Seria estranho alguém grande ter o nome de Mimoso, pois esse nome é delicado demais para uma pessoa enorme e forte. São opostos. Não combinam.
d.        Como esse sujeito poderia se chamar?
Resposta pessoal.

2.       A avó paterna do narrador dizia que “Gente honesta, se for homem deve ser José, se for mulher, deve ser Maria!”.
a.       Segundo essa afirmação, qual a opinião dela sobre os demais nomes?
Segundo essa afirmação da avó paterna do narrador, percebe-se que ela acha então que quem não se chamar Maria ou José não é honesto.
b.      No entanto, na continuação do texto, há a seguinte afirmação “... É verdade que Vovó não tinha nada contra os joões, paulos, mários, odetes e — vá lá — fidélis...”. Explique então qual era a verdadeira implicância dela:
A verdadeira implicância dela é com os nomes inventados. Ela acha que as pessoas devem ter nomes normais.

3.       Explique qual é a origem do nome “Wagem” no texto:
 O nome Wagem é a junção do “Wag” de Wagner, que era o nome do pai, com “em”, que vem do nome da mãe: Emília.

4.       A frase “... deixemos de lado as birras de minha avó — velhinha que Deus tenha, em Sua santa glória...” deixa claro que hoje essa senhora está _________morta_____________________.

5.       Explique qual a relação entre o significado dos nomes e a ordem em que nasceram os filhos Prefácio e Epílogo:
Prefácio recebeu esse nome, pois é o primeiro filho do “Seu” Veiga, visto que significa “comentário ou apresentação que antecede e integra um livro”. Já Epílogo recebeu esse nome por ser o último filho do casal (isso, claro, o que eles achavam que seria o último, pois depois dele veio a Errata), e significa a parte final de um livro, a conclusão. 

6.       No 6º parágrafo, há a descrição de algumas características de alguns filhos do “Seu” Veiga. No quadro abaixo, coloque o nome do filho e a principal característica atribuída a ele: 

Nome do filho
Característica
 Capítulo
Sabe confeccionar balões e papagaios como ninguém
 Tomo
Era um ótimo extrema-direita
Prefácio
Vivia comprando livros

  
7.       Explique a piada feita pelo pai do narrador “— Vai levar a biblioteca para o banho?”:
O pai do narrador fez essa piada, pois todos os filhos estavam indo para a praia com o pai e, como todos têm nomes relacionados a livros, o conjunto de todos eles seria uma biblioteca.

8.       A palavra “queimado”, linha 35, pode ser entendida de 2 maneiras. Identifique quais maneiras são essas:
A palavra “queimado” pode ser entendida de duas maneiras no texto: “Seu” Veiga ficou queimado do sol que pegou na praia; ou “Seu” Veiga ficou queimado de bravo que estava com a piada feita pelo pai do narrador.

9.       Qual o motivo do desejo da mãe de chamar sua filha de Maria?
A mãe queria chamar a filha de Maria para que um de seus filhos tivesse um nome comum e não sofresse com as gozações que os outros sofriam. Ela não concordava com a mania do marido.
 10.   Explique por que a menina recebeu o nome de Errata:
A menina recebeu o nome de Errata, pois “Seu” Veiga não queria mais ter filhos, pois já não havia mais palavras relacionadas aos livros para nomeá-los, visto que “errata” consiste em uma lista de erros e sua correção que se acrescenta ao final de um livro.

11.   Qual o sentido da última frase do texto “... Estava cumprida a promessa de Dona Odete, estava de pé a mania de "Seu" Veiga.” Explique como que os dois ficaram satisfeitos:
Os dois ficaram satisfeitos, pois “Seu” Veiga chamou a filha de Errata, que está relacionado aos livros e, assim, manteve sua mania, e Dona Odete cumpriu sua promessa de que, se ainda tivesse uma filha, a chamaria de Maria.

12.   Pode-se perceber que o texto é dividido em 2 partes. Uma em que o narrador apenas fala sobre o assunto, apresentando-o e outra em que ele conta uma história.
a.       Que parágrafos correspondem à 1ª parte?
A 1ª parte do texto, em que o narrador apenas fala sobre o assunto nomes diferentes, é composta dos parágrafos 1, 2, 3 e 4.
b.      Que parágrafos correspondem à 2ª parte?
Os parágrafos 5, 6, 7, 8, 9 e 10 são aqueles em que ele conta a história do “Seu” Veiga.
c.       Explique qual a relação entre essas 2 partes do texto:
A relação entre as duas partes é que, na 1ª, o autor, de certa forma, prepara o leitor para contar a história, é como se fosse uma introdução. E, na 2ª parte, ele conta a história.

13.   Você gosta do seu nome? Por quê?
Resposta pessoal


Conhecendo o autor:
Ler o texto com informações sobre a vida do autor e conversar sobre o assunto.

Atividades de Produção Textual
Escolha uma das propostas abaixo e escreva um texto de aproximadamente 15 linhas
PROPOSTA 1:
Escreva um pequeno texto em que você conte qual a origem do seu nome.
PROPOSTA 2:
Invente uma história em que o personagem principal tenha um nome bem diferente e conte um episódio em que ele tenha tido algum “problema” devido ao seu nome.





















EMEF Machado de Assis – Português – Prof. Liziane Spohr
História de um Nome
         No capítulo dos nomes difíceis têm acontecido coisas das mais pitorescas. Ou é um camarada chamado Mimoso, que tem físico de mastodonte, ou é um sujeito fraquinho e insignificante chamado Hércules. Os nomes difíceis, principalmente os nomes tirados de adjetivos condizentes com seus portadores,são raríssimos, e é por isso que minha avó a paterna – dizia:
         — Gente honesta, se for homem deve ser José, se for mulher, deve ser Maria!
         É verdade que Vovó não tinha nada contra os joões, paulos, mários, odetes e — vá lá — fidélis. A sua implicância era, sobretudo, com nomes inventados, comemorativos de um acontecimento qualquer, como era o caso, muito citado por ela, de uma tal Dona Holofotina, batizada no dia em que inauguraram a luz elétrica na rua em que a família morava.
Acrescente-se também que Vovó não mantinha relações com pessoas de nomes tirados metade da mãe e metade do pai. Jamais perdoou a um velho amigo seu — o "Seu" Wagner — porque se casara com uma senhora chamada Emília, muito respeitável, aliás, mas que tivera o mau-gosto de convencer o marido de batizar o primeiro filho com o nome leguminoso de Wagem — "wag" de Wagner e "em" de Emília. É verdade que a vagem comum, crua ou ensopada, será sempre com "v", enquanto o filho de "Seu" Wagner herdara o "w" do pai. Mas isso não tinha nenhuma importância: a consoante não era um detalhe bastante forte para impedir o risinho gozador de todos aqueles que eram apresentados ao menino Wagem.
         Mas deixemos de lado as birras de minha avó — velhinha que Deus tenha, em Sua santa glória — e passemos ao estranho caso da família Veiga, que morava pertinho de nossa casa, em tempos idos.
         "Seu" Veiga, amante de boa leitura e cuja cachaça era colecionar livros, embora colecionasse também filhos, talvez com a mesma paixão, levou sua mania ao extremo de batizar os rebentos com nomes que tivessem relação com livros. Assim, o mais velho chamou-se Prefácio da Veiga; o segundo, Prólogo; o terceiro, Índice e, sucessivamente, foram nascendo o Tomo, o Capítulo e, por fim, Epílogo da Veiga, caçula do casal.
         Lembro-me bem dos filhos de "Seu" Veiga, todos excelentes rapazes, principalmente o Capítulo, sujeito prendado na confecção de balões e papagaios. Até hoje (é verdade que não me tenho dedicado muito na busca) não encontrei ninguém que fizesse um papagaio tão bem quanto Capítulo. Nem balões. Tomo era um bom extrema-direita e Prefácio pegou o vício do pai - vivia comprando livros. Era, aliás, o filho querido de "Seu" Veiga, pai extremoso, que não admitia piadas. Não tinha o menor senso de humor. Certa vez ficou mesmo de relações estremecidas com meu pai, por causa de uma brincadeira. "Seu" Veiga ia passando pela nossa porta, levando a família para o banho de mar. Iam todos armados de barracas de praia, toalhas etc. Papai estava na janela e, ao saudá-lo,fez a graça:
         — Vai levar a biblioteca para o banho? "Seu" Veiga ficou queimado durante muito tempo.
         Dona Odete — por alcunha "A Estante" — mãe dos meninos, sofria o desgosto de ter tantos filhos homens e não ter uma menina "para me fazer companhia" - como costumava dizer. Acreditava, inclusive, que aquilo era castigo de Deus, por causa da idéia do marido de botar aqueles nomes nos garotos. Por isso, fez uma promessa: se ainda tivesse uma menina, havia de chamá-la Maria.
         As esperanças já estavam quase perdidas. Epílogozinho já tinha oito anos, quando a vontade de Dona Odete tornou-se uma bela realidade, pesando cinco quilos e mamando uma enormidade. Os vizinhos comentaram que "Seu" Veiga não gostou, ainda que se conformasse, com a vinda de mais um herdeiro, só porque já lhe faltavam palavras relacionadas a livros para denominar a criança.
Só meses depois, na hora do batizado, o pai foi informado da antiga promessa. Ficou furioso com a mulher, esbravejou, bufou, mas — bom católico — acabou concordando em parte. E assim, em vez de receber somente o nome suave de Maria, a garotinha foi registrada, no livro da paróquia, após a cerimônia batismal, como Errata Maria da Veiga.
         Estava cumprida a promessa de Dona Odete, estava de pé a mania de "Seu" Veiga.
                                               STANISLAW PONTE PRETA
Texto extraído do livro "A Casa Demolida", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1963, pág. 175.





Sérgio Marcus Rangel Porto (Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 1923 — Rio de Janeiro, 30 de setembro de 1968) foi um cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro. Era mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta.

Biografia
Sérgio começou sua carreira jornalística no final dos anos 40, atuando em publicações como as revistas Sombra e Manchete e os jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário Carioca. Nesse mesmo período Tomás Santa Rosa também atuava em vários jornais e boletins como ilustrador. Foi aí que surgiu o personagem Stanislaw Ponte Preta e suas crônicas satíricas e críticas, uma criação de Sérgio juntamente com Santa Rosa - o primeiro ilustrador do personagem. Também contribuiu com publicações sobre música e escreveu shows musicais, além de compor a música "Samba do Crioulo Doido" para o teatro.
Conhecedor de Música Popular Brasileira e jazz, ele definia a verdadeira MPB pela sigla MPBB - Música Popular Bem Brasileira. Tinha um admirável senso de humor e sua aparência de homem sisudo escondia um intelectual peculiar capaz de fazer piadas corrosivas contra a ditadura militar e o moralismo social vigente, que fazem parte do FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País, uma de suas maiores criações.
Sua jornada diária nunca era inferior a 15 horas de trabalho. Escrevia para o rádio, para a TV, onde chegou a apresentar programas, e também para revistas e jornais, além de idealizar seus livros. O excesso de obrigações seria demais para o cardíaco Sérgio Porto, que morreu de infarto aos 45 anos de idade.

2 comentários:

  1. Querida professora Luh Raupp;
    Grande ideia! Parabéns pela iniciativa.Vou aplicá-lo com minhas turmas. Tenho saudades das suas aulas. Beijos.
    Elemar Gomes

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  2. Oi, Elemar!
    Os créditos não são meus: são da Liziane e da Daiana! Obrigada por participar! A intenção é usar o blog para isso mesmo: interação, compartilhamento, crescimento...

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