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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Revisitando Maria Moura - parte III - Texto da acadêmica Cheila Reis


Cheila

   Maria Moura sempre me despertou admiração. Gostava de saber que
existem mulheres livres, que não precisam de homem nenhum, mas sim que os
usam para que seja feita sua vontade.
   Quisera eu ser como ela, não amar e não sofrer, ao menos era isso o
que pensava naquele tempo, em que apenas ouvia falar daquela mulher que se
comportava como homem e tinha fama de justiceira.
   O certo é que eram tempos difíceis, tempo em que meu corpo e alma
sofriam a fraqueza do amor impossível. Mas como poderia ser diferente? Como
pude acreditar que artista cumpre palavra dada? Por isso são artistas, não
é? De certo, só sei que me iludiu, levou minha pureza, deixando apenas seus
versos de poeta encrustados nas paredes do meu coração.
   O pai, depois disso, disse que fiquei estragada, que desonrei a família
toda, até prometeu de matar o poeta. Eu já estava cansada de ser moça de
família, de ficar esperando por homem, e, o que é pior, cansada de ouvir falar
no meu erro.
   Foi então que comecei a pensar em procurar a Moura. Queria um lugar
onde meus erros não fossem lembrados e queria fugir do pai, porque qualquer
dia ele me arrumava um marido, e marido eu só queria se fosse pra morar
no meu coração, como teria sido com aquele poeta. Não queria casamento
arranjado pelo pai, por isso fugi e vim parar na Serra dos Padres.
   Foi então que a conheci, contei minha história e pedi abrigo. Parece que
me entendeu, me tomou como amiga e me deu o que fazer. Era a lida da casa,
mas eu gostei. Aqui estaria livre do pai e do marido que ele queria me arrumar.
    Estava aqui há um tempo, coisa de um ano quando Dona Moura foi pro
entrevero, tinha ouvido falar que aquilo era coisa perigosa, mas a Dona andava
triste, isso eu tinha percebido, mulher sempre percebe essas coisas. De certo,
quis fugir de alguma lembrança ruim.
     Foi então que percebi que a gente, seja homem ou mulher, sempre tem
uma tristeza nessa vida. Até a Dona Moura tem.
    Já faz tempo que ela partiu, mas deve voltar logo... Mulher forte aquela
Moura, por dentro e por fora, enfrenta homem, enfrenta dor. Se quiser saber,
acho que volta, nem que seja pra buscar as lembranças que vão se perdendo
com o tempo.
    Quanto a mim, penso também em voltar, curar as ausências do pai e da
mãe, lembrar do passado e ser forte dessa vez.

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