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terça-feira, 19 de junho de 2012

Texto do acadêmico Vicente Orsi Vargas, produzido na disciplina de Leitura e Produção de Textos I, ministrada pela Profa. Juliana Strecker

Segue uma autobiografia redigida pelo acadêmico Vicente Orsi Vargas, na disciplina de Leitura e Produção de Textos I, ministrada pela Prof.a. Juliana Strecker


Autobiografia

Foi lá em 1979 que eu vim ao mundo. Na verdade, sempre me causou estranheza essa coisa de dizer “vim ao mundo”. Como se a gente estivesse antes em algum lugar fora do mundo e, de repente, viesse. Mas, tudo bem. Eu surgi no mundo. Foi em Porto Alegre. Eu não lembro, é claro, mas meus pais me contaram. Em 14 de fevereiro de 1979. Dias depois, saí do hospital e fui para Taquara, onde meus pais moravam e onde eu moraria então.
Fui crescendo em Taquara. Lembro que meus pais trabalhavam fora, eram professores, e eu ficava em casa, longas tardes. Das manhãs, eu não lembro muito. Devia dormir bastante. Mas longas eram as tardes. E, quando chovia, ficava dentro de casa vendo a chuva que batia nos vidros e escorria. Tomava mamadeira de café com leite e açúcar. A mamadeira era de plástico porque eu já quebrara diversas de vidro.
Dessa época, eu lembro também de ver o “Incrível Hulk” na TV, de brincar com meus irmãos, de comer “sorvete seco”. Meu pai tinha um “Dodginho Polara”, que era um carro da época. Eu achava legal ir pro “Centro” de carro com a família, embora não soubesse o que era o “Centro”. E assim fui crescendo.
Quando tinha quase quatro anos, eu e minha família fomos morar em Campo Bom. eu tinha avós maternos, tios e primos. Foi legal. Lembro que havia um caminhão que levara todas as nossas coisas. Quando chegamos, lembro que tinha pinheiros na frente da casa e que houve um almoço com um monte de tios e primos que eu nem lembrava, mas já conhecia de outros encontros.
Completei quatro anos de idade em Tramandaí, num final de semana. Estavam lá tios, primos, avós maternos, além de meu pai, minha mãe, meus irmãos mais velhos, Pedro e Isabel e o bebê, a Juliana. Ganhei uma bola de aniversário. Aí descobri o gosto pelo futebol. Logo descobriria o Inter, time do meu pai e dos meus irmãos. Seria o meu time também.
Agora eu já estava mais atento ao mundo e comecei a memorizar nomes de primos e tios, aprender suas fisionomias. Eu lembro que estranhava minha avó. Ela era tão alta, quase tanto quanto meu pai e usava cabelos curtos. Mesmo assim, gostava do carinho que ela tinha comigo. Achava legal ter a amizade dos primos. Comecei a correr mais pelo pátio. Achava a vida uma aventura divertida.
O tempo foi passando e eu seguia a rotina de brincadeiras e diversão. Com cinco anos, fui alfabetizado pela minha irmã Isabel, que estava para completar sete anos e estava na escola. Ela aprendia e ia me ensinando. Acho que aí já nasceu o meu gosto pelas letras.
Quando fiz sete anos, o meu pai me alertou: estava chegando a hora de ir pra escola. E eu tinha aversão à ideia, tanto que me negara a frequentar a pré-escola.    Causava-me pânico a ideia de ficar longe de casa, preso pelas cercas da escola, sob a supervisão de uma professora desconhecida, que meus irmãos mais velhos diziam serem todas extremamente severas. Minha mãe era professora e não era severa, mas eu não tinha feito esse raciocínio.
Bem, chegou o dia de ir pra escola. Na primeira semana, eu detestei. Mas, aos poucos, comecei a adorar. Percebi que a coisa não era tão assustadora. E havia tantos colegas, tantas brincadeiras.
A primeira e a segunda séries transcorreram bem. Mas, na hora de ir para a terceira, meu pai achou melhor que eu fosse para outra escola, a mesma de meus irmãos. Então eu fui. Demorei um pouco a me adaptar. Sentia a falta dos antigos amigos da outra escola. Tive dificuldade em fazer novos amigos, pois todos já se conheciam, os grupos já estavam fechados. Mas, sobrevivi.
Até os meus 12 anos, tudo foi bem. Estudava, aproveitava as férias, aprontava bastante coisa também. Mas, aos 12 anos, eu tive que mudar com a família pra Taquara novamente. Eu que já estava tão adaptado à escola, à cidade. E mudamos.
Em Taquara minha adaptação foi lenta. Mas, fui vivendo, fui crescendo.
Terminei o primeiro grau. Fui para o segundo grau fazer curso técnico em eletrônica, no CIMOL. Nessa época tive os primeiros “namorinhos” e iniciei um namoro mais sério, de uma relação que duraria oito anos. Mas essa é uma outra história.
Então, em 1999, concluí o curso de eletrônica e fui morar e trabalhar em Porto Alegre. Estava iniciada a vida profissional.
Em 2003, passei num concurso e fui trabalhar nos Correios.
No ano de 2005, voltei pra Taquara, fui morar com os pais. Continuei trabalhando em Porto Alegre, nos Correios.
Então, em 2007, já insatisfeito com a área em que trabalhava, vim para a FACCAT, estudar Letras.
 Meu pai faleceu naquele ano. Eu senti bastante. Depois de uns meses, quis sair um pouco de perto da mãe e dos irmãos, achei importante ficar sozinho, construir uma vida minha. Fui morar em Novo Hamburgo.
Não me sentia bem. Andava angustiado, a vida passando, eu sentia um vazio, uma falta de “não sei o quê”. Foi em 2008 que recebi o convite de uma amiga que estava na Irlanda. Ela me falou sobre intercâmbio. Gostei da ideia. Consegui uma licença dos Correios e fui.
Fiquei seis meses na Irlanda. Estudei inglês, fiz muitos amigos, viajei um pouco, conheci sete países. E pensei muito sobre a vida.
Em 2009, voltei ao Brasil. Fui novamente morar na casa da mãe. Voltei para a FACCAT e para os Correios. Sentindo-me mais maduro, porém, um pouco inseguro, procurei ajuda em um tratamento de psicoterapia. A evolução continuou.
Em 2011, numa aula de Semântica, sentei perto da colega Marivane. Foi um semestre de muitas conversas. No meio do ano, houve uma viagem da FACCAT para o Rio de Janeiro. Eu e Marivane fomos. Estávamos cada vez mais próximos. Em setembro, começamos a namorar.
Em 2012, ainda na psicoterapia, ainda na FACCAT e ainda nos Correios. O namoro com a Marivane estava indo muito bem. Então, em maio, fomos morar juntos. Alugamos um apartamento em Taquara.
E a vida segue, agora bem mais leve, agradável e feliz. Repensando sobre a vida, é bom ver que houve bons e maus momentos e que houve uma evolução. Penso que nunca me senti tão seguro e leve como sinto hoje. Que continue por muitos e muitos anos... 

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