Autobiografia
Foi lá em 1979 que eu vim ao mundo. Na verdade, sempre me
causou estranheza essa coisa de dizer “vim ao mundo”. Como se a gente estivesse
antes em algum lugar fora do mundo e, de repente, viesse. Mas, tudo bem. Eu
surgi no mundo. Foi em Porto Alegre. Eu
não lembro, é claro, mas meus pais me contaram. Em 14 de fevereiro de 1979. Dias
depois, saí do hospital e fui para Taquara, onde meus pais moravam e onde eu
moraria então.
Fui crescendo em
Taquara. Lembro que meus pais trabalhavam fora, eram
professores, e eu ficava em casa, longas tardes. Das manhãs, eu não lembro muito.
Devia dormir bastante. Mas longas eram as tardes. E, quando chovia, ficava
dentro de casa vendo a chuva que batia nos vidros e escorria. Tomava mamadeira
de café com leite e açúcar. A mamadeira era de plástico porque eu já quebrara
diversas de vidro.
Dessa época, eu lembro também de ver o “Incrível Hulk” na
TV, de brincar com meus irmãos, de comer “sorvete seco”. Meu pai tinha um
“Dodginho Polara”, que era um carro da época. Eu achava legal ir pro “Centro”
de carro com a família, embora não soubesse o que era o “Centro”. E assim fui
crescendo.
Quando tinha quase quatro anos, eu e minha família fomos
morar em Campo Bom. Lá
eu tinha avós maternos, tios e primos. Foi legal. Lembro que havia um caminhão
que levara todas as nossas coisas. Quando chegamos, lembro que tinha pinheiros
na frente da casa e que houve um almoço com um monte de tios e primos que eu nem
lembrava, mas já conhecia de outros encontros.
Completei quatro anos de idade em Tramandaí, num final de
semana. Estavam lá tios, primos, avós maternos, além de meu pai, minha mãe,
meus irmãos mais velhos, Pedro e Isabel e o bebê, a Juliana. Ganhei uma bola de
aniversário. Aí descobri o gosto pelo futebol. Logo descobriria o Inter, time
do meu pai e dos meus irmãos. Seria o meu time também.
Agora eu já estava mais atento ao mundo e comecei a
memorizar nomes de primos e tios, aprender suas fisionomias. Eu lembro que
estranhava minha avó. Ela era tão alta, quase tanto quanto meu pai e usava
cabelos curtos. Mesmo assim, gostava do carinho que ela tinha comigo. Achava
legal ter a amizade dos primos. Comecei a correr mais pelo pátio. Achava a vida
uma aventura divertida.
O tempo foi passando e eu seguia a rotina de brincadeiras e
diversão. Com cinco anos, fui alfabetizado pela minha irmã Isabel, que estava
para completar sete anos e estava na escola. Ela aprendia e ia me ensinando.
Acho que aí já nasceu o meu gosto pelas letras.
Quando fiz sete anos, o meu pai me alertou: estava chegando
a hora de ir pra escola. E eu tinha aversão à ideia, tanto que me negara a frequentar
a pré-escola. Causava-me pânico a ideia
de ficar longe de casa, preso pelas cercas da escola, sob a supervisão de uma
professora desconhecida, que meus irmãos mais velhos diziam serem todas
extremamente severas. Minha mãe era professora e não era severa, mas eu não
tinha feito esse raciocínio.
Bem, chegou o dia de ir pra escola. Na primeira semana, eu
detestei. Mas, aos poucos, comecei a adorar. Percebi que a coisa não era tão
assustadora. E havia tantos colegas, tantas brincadeiras.
A primeira e a segunda séries transcorreram bem. Mas, na
hora de ir para a terceira, meu pai achou melhor que eu fosse para outra
escola, a mesma de meus irmãos. Então eu fui. Demorei um pouco a me adaptar.
Sentia a falta dos antigos amigos da outra escola. Tive dificuldade em fazer
novos amigos, pois todos já se conheciam, os grupos já estavam fechados. Mas,
sobrevivi.
Até os meus 12 anos, tudo foi bem. Estudava, aproveitava as
férias, aprontava bastante coisa também. Mas, aos 12 anos, eu tive que mudar
com a família pra Taquara novamente. Eu que já estava tão adaptado à escola, à
cidade. E mudamos.
Em Taquara minha adaptação foi lenta. Mas, fui vivendo, fui
crescendo.
Terminei o primeiro grau. Fui para o segundo grau fazer
curso técnico em eletrônica, no CIMOL. Nessa época tive os primeiros “namorinhos”
e iniciei um namoro mais sério, de uma relação que duraria oito anos. Mas essa
é uma outra história.
Então, em 1999, concluí o curso de eletrônica e fui morar e
trabalhar em Porto Alegre. Estava
iniciada a vida profissional.
Em 2003, passei num concurso e fui trabalhar nos Correios.
No ano de 2005, voltei pra Taquara, fui morar com os pais.
Continuei trabalhando em Porto
Alegre , nos Correios.
Então, em 2007, já insatisfeito com a área em que
trabalhava, vim para a FACCAT, estudar Letras.
Meu pai faleceu
naquele ano. Eu senti bastante. Depois de uns meses, quis sair um pouco de
perto da mãe e dos irmãos, achei importante ficar sozinho, construir uma vida
minha. Fui morar em Novo
Hamburgo.
Não me sentia bem. Andava angustiado, a vida passando, eu
sentia um vazio, uma falta de “não sei o quê”. Foi em 2008 que recebi o convite
de uma amiga que estava na Irlanda. Ela me falou sobre intercâmbio. Gostei da
ideia. Consegui uma licença dos Correios e fui.
Fiquei seis meses na Irlanda. Estudei inglês, fiz muitos
amigos, viajei um pouco, conheci sete países. E pensei muito sobre a vida.
Em 2009, voltei ao Brasil. Fui novamente morar na casa da
mãe. Voltei para a FACCAT e para os Correios. Sentindo-me mais maduro, porém, um
pouco inseguro, procurei ajuda em um tratamento de psicoterapia. A evolução
continuou.
Em 2011, numa aula de Semântica, sentei perto da colega
Marivane. Foi um semestre de muitas conversas. No meio do ano, houve uma viagem
da FACCAT para o Rio de Janeiro. Eu e Marivane fomos. Estávamos cada vez mais
próximos. Em setembro, começamos a namorar.
Em 2012, ainda na psicoterapia, ainda na FACCAT e ainda nos
Correios. O namoro com a Marivane estava indo muito bem. Então, em maio, fomos
morar juntos. Alugamos um apartamento em Taquara.
E a vida segue, agora bem mais leve, agradável e feliz.
Repensando sobre a vida, é bom ver que houve bons e maus momentos e que houve
uma evolução. Penso que nunca me senti tão seguro e leve como sinto hoje. Que
continue por muitos e muitos anos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário