O semestre inicia-se com uma triste notícia: um dos nossos escritores mais admirados e queridos nos deixa. Na tarde de ontem, por decorrências de um AVC, Moacyr Scliar faleceu. No entanto, suas obras – que o tornaram oficialmente imortal, pelo seu ingresso na ABL – e as recordações que guardamos de suas características pessoais são um legado perene para todos nós.
Scliar esteve entre nós, na Faccat, no I Seminário de Literatura e História, em 2004. Palestrou em um sábado - pasmem! - à tarde, com o auditório lotado. A palestra se estendeu, mas ninguém reclamou ou se retirou. À habilidade com as palavras – justa expressão de uma mente privilegiada – somavam-se os amplos conhecimentos, a gentileza, a delicadeza e uma humildade exemplar, em tempos de estrelismo entre escritores que se vão fazendo conhecidos. Veio direto à Faccat, depois de desembarcar de longa viagem. Ninguém notou o cansaço, sequer ele se queixou.
Assim, não bastasse a inegável relevância das suas obras, ele vivificou os subtextos: fica-nos o exemplo e o desafio de manter, como ele, a coerência entre o discurso e a prática.